Primeira noite do Camaforró lota, mesmo debaixo de chuva

Camaçari provou que forró bom não tem tempo ruim. Logo no primeiro dia do Camaforró, uma multidão invadiu a arena montada para a festa. Mesmo com a chuva caindo sem piedade, o povo não arredou o pé. Parecia que a cidade inteira decidiu dançar junta. Teve gente com capa, guarda-chuva, bota de couro, e até quem não quis se proteger, só pra sentir tudo de perto. A energia era de arrepiar.
O palco foi tomado por talentos da própria terra. E que talento! Cada apresentação foi um espetáculo à parte. Gente simples, com amor pelo que faz, arrancando aplausos, sorrisos e até lágrimas. O público reconheceu o valor dos artistas locais e vibrou a cada sanfona, zabumba e triângulo que ecoava no ar. A cultura nordestina ali não era só lembrada — era vivida intensamente.

Vila Maria Bonita: um cantinho junino para toda a família

Uma das surpresas mais lindas dessa edição foi, sem dúvida, a Vila Maria Bonita. Um espaço inteiro pensado para acolher quem veio em família, com criança no colo, de mãos dadas, ou com os avós relembrando os tempos antigos. A vila tem barraquinhas com comidas típicas, fogueira cenográfica, quadrilhas improvisadas e uma ambientação que remete ao sertão mais bonito do Brasil. É um respiro de doçura e tradição em meio à grandiosidade da festa.

Dava gosto de ver. Agentes atentos, câmeras por todo lado, revista na entrada, e um clima de tranquilidade que surpreendeu até os mais cismados. A festa foi cheia, mas sem empurra-empurra. Tinha gente comentando: “Dá pra andar com celular na mão aqui!”. Isso, em evento grande, é raridade. Um sinal claro de que a organização levou a sério o compromisso com a segurança.
A equipe de limpeza deu show. Banheiros limpos, áreas comuns bem cuidadas e nenhum lixo espalhado. Era visível que havia preparo e respeito por quem veio curtir. Até mesmo as barraquinhas mantinham um padrão. Isso tudo contribuiu para a sensação de bem-estar de quem passou horas na festa.
Do forró pé de serra ao xote apaixonado, a programação honrou cada acorde da tradição nordestina. E teve mais: samba de roda, arrastapé e até embolada. A mistura de ritmos foi feita com respeito à cultura, sem perder a parte festiva. Era impossível ficar parado. Todo mundo entrou na dança — dos jovens mais moderninhos até os senhores com chapéu de palha e sapato de couro.
A sensação geral era de orgulho. “Agora sim, São João voltou com força em Camaçari!”, disse Chico Bocão, 77 anos, barraqueiro e morador da gleba C , com um sorriso no rosto e um licor na mão. Muitos afirmaram que esse foi o melhor início de Camaforró dos últimos anos. A sensação de pertencimento, de ser acolhido numa festa feita pra todos, estava no ar. A promessa de Caetano virou realidade — e das boas.

By Laiana

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