O Observatório do Clima, rede de 133 ONGs e outras entidades voltadas ao combate contra as mudanças climáticas, pede que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determine a suspensão imediata da exportação de petróleo para Israel, após a Marinha israelense ter interceptado a embarcação Madleen, que levava 12 ativistas e ajuda humanitária à Faixa de Gaza, na noite do domingo (8).
A bordo do barco, que integra a iniciativa conhecida como Flotilha da Liberdade, estavam a ativista climática sueca Greta Thunberg e o ativista brasileiro Thiago Ávila.
“Lula já condenou o genocídio israelense na Faixa de Gaza, mas o petróleo exportado pelo Brasil e por outros países abastece a máquina de guerra de Binyamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel]”, diz a nota. Segundo a rede de ONGs ambientalistas, o governo brasileiro reagiu corretamente à interceptação, mas pode fazer mais.
A organização cita um relatório divulgado em agosto de 2024 pela ONG Oil Change International que colocou o Brasil como o quarto maior fornecedor de petróleo cru a Israel, ao lado da Nigéria. De acordo com os dados, o Brasil foi responsável por 9% do suprimento de petróleo de Israel desde o início da guerra na Palestina.
Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também citados no comunicado do Observatório do Clima, o petróleo foi o produto que o Brasil mais exportou para Israel em 2024. O total enviado chegou a US$ 216 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão).
“O petróleo que polui o planeta também ajuda a causar o massacre ao povo da Palestina. Não existe justiça climática sem proteção aos direitos humanos. Uma comunidade internacional incapaz de parar uma limpeza étnica acontecendo em tempo real diante dos olhos de todos não será tampouco capaz de lidar com a crise do clima”, diz a nota.