MATÉRIA EXCLUSIVA O ex-vereador de Camaçari, Jorge Curvelo, está no centro de uma denúncia que aponta uma possível ocupação irregular de um cargo na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), em Juazeiro, no norte da Bahia.
A denúncia, obtida com exclusividade pelo Jornal Camaçari, alega que Jorge Curvelo, embora nomeado, não estaria comparecendo ao local de trabalho na cidade onde deveria atuar, o que levanta suspeitas de que seria um cargo fantasma.
Nossa equipe consultou o registro oficial de empregados da Codevasf e confirmou a nomeação de Jorge Curvelo para o cargo de assessor de superintendente, com salário base de R$ 15.103,16.
De acordo com o denunciante, Jorge seria uma indicação do deputado federal Paulo Azi, do seu mesmo partido, o União Brasil. A denúncia também informa que a contratação foi registrada no dia 21 de março de 2025. Curiosamente, três dias antes da nomeação, em 18 de março, Curvelo publicou em suas redes sociais um encontro com Azi e o ex-prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo.
O denunciante afirma ainda que essa prática não seria um caso isolado. Segundo ele, funcionários da própria Codevasf teriam relatado que nomeações sem o efetivo exercício das funções estariam se tornando recorrentes na estatal, sob influência política do União Brasil.
Elo entre Operação Overclean e a Codevasf
Um fato curioso chama a atenção neste caso, com a recente exoneração do então superintendente da Codevasf em Juazeiro, Miled Cussa Filho superior direto de Jorge Curvelo. Ele foi afastado do cargo em 9 de maio, um dia após colaborar com o Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) em uma investigação interna sobre contratos suspeitos.
Cussa Filho teria detalhado suspeitas de fraudes e superfaturamento em contratos com a empresa Allpha Pavimentações, no valor de R$ 57 milhões. A empresa é apontada como pivô da Operação Overclean, que apura um esquema de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
Laços com a Prefeitura de Camaçari A Allpha pertence aos empresários Alex e Fábio Rezende Parente este último chegou a ser preso durante a operação. Os dois também são sócios da Larclean Saúde Ambiental, que firmou um contrato com a Prefeitura de Camaçari em abril de 2024, durante a gestão de Elinaldo, no valor de R$ 7,9 milhões, para serviços de controle de pragas urbanas. Nessa mesma licitação, quatro empresas concorrentes apresentaram propostas com valores significativamente menores, que variavam entre R$ 2,4 milhões e R$ 4,3 milhões.
Além disso, uma planilha apreendida pela Polícia Federal, indicaria que os investigados planejavam expandir o esquema para outros municípios, utilizando a ata de preços de Camaçari. Seis cidades estavam na mira: Itapetinga (BA), Palmas (TO), Ibipitanga (BA), Pedrão (BA), Ibicaraí (BA), Petrolina (PE) e João Pessoa (PB).