O antigo Centro de Convenções de Salvador, localizado na Boca do Rio, segue como um dos maiores símbolos do abandono urbano na capital baiana. Fechado desde 2016, o equipamento, que já movimentou o turismo de eventos e ajudou a projetar a cidade nacionalmente, hoje é marcado por insegurança, lixo, furtos e degradação acelerada, chamando a atenção de moradores e de quem circula pela região.

Sem definição de destino e envolto em disputas jurídicas e entraves administrativos, o espaço tornou-se um problema que atravessa governos e evidencia falhas na gestão de áreas públicas estratégicas.

“Me dá uma dor no coração ver esse equipamento sendo acabado, sendo destruído desse jeito. Olha para isso, olha como ele está: apodrecendo no tempo e ninguém faz nada”, desabafou uma moradora, pelas redes sociais, ao mostrar o cenário atual do imóvel.
“Esse vídeo não é sobre política, é sobre o sentimento de uma cidadã que, dia após dia, assiste a um patrimônio público se deteriorar. Cada parede que desaba, cada espaço que se perde, representa um pedaço da nossa história indo embora junto com o descaso”, completou.

De quem é a responsabilidade?

Diante das dúvidas sobre a quem cabe a administração do imóvel, diferentes órgãos foram acionados.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) afirmou que o prédio é de responsabilidade do Governo do Estado. Procurada, a Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA) explicou que o espaço é administrado pela Secretaria da Administração (Saeb).

A própria Saeb declarou que mantém ações periódicas de manutenção no terreno, com serviços de limpeza e capinação, e que a área segue sob gestão da Superintendência de Patrimônio do Estado (Supat). Segundo o órgão, um edital de alienação já está em elaboração.

“A Supat está trabalhando no edital padrão para alienação do Centro de Convenções da Bahia, com as especificações técnicas necessárias para viabilizar a venda do imóvel. O Governo vai proceder com a alienação logo após a finalização dessa etapa”, informou em nota.

Um destino que nunca chega

Em 2021, a Assembleia Legislativa da Bahia aprovou a autorização para um leilão do imóvel. A iniciativa, porém, foi suspensa pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-BA), sob o argumento de que o prédio seria usado como garantia de dívidas trabalhistas com ex-funcionários do Estado e da Bahiatursa.

No fim de 2024, o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolfo Loyola, afirmou que o governador Jerônimo Rodrigues anunciaria em poucos dias o edital de venda, algo que, até hoje, não aconteceu.

A expectativa do governo era tornar público o destino do equipamento ainda no primeiro semestre deste ano. Em entrevista ao BNews Premium, em janeiro, o secretário da Casa Civil, Afonso Florence, garantiu que a venda ocorreria e que o processo começaria em 2025.

Avaliado em mais de R$ 300 milhões, o antigo Centro de Convenções se tornou um fardo para a administração estadual. Em 2021, o então governador Rui Costa classificou o caso como uma “crise gigantesca” e declarou que o problema ficaria para seu sucessor, o atual governador Jerônimo Rodrigues.

Na época, Rui tentou realizar a venda por R$ 150 milhões, mas a iniciativa foi travada não apenas pelo TRT-BA, como também pelo Ministério Público da Bahia, que apontou falta de planejamento detalhado sobre o processo de alienação.

Enquanto isso… o tempo destrói

Com o impasse jurídico e administrativo se arrastando por quase uma década, o antigo Centro de Convenções segue entregue ao abandono, deteriorando-se dia após dia.

Para moradores da Boca do Rio, a espera por uma solução virou rotina, e o sentimento é de frustração. Enquanto Governo e Justiça não definem o destino do imóvel, cresce o questionamento: até quando um dos maiores patrimônios públicos de Salvador continuará sendo engolido pelo descaso?

By mario

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[email protected]
71 99703-6567 | 71 99237-1334