Auditoria federal identifica falhas em obras, superfaturamento e ausência de planejamento na gestão anterior

Mais de 50% dos recursos enviados a Camaçari por meio das chamadas “emendas Pix” estão sob suspeita de irregularidades. O alerta foi feito pela Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou falhas graves em contratos, indícios de superfaturamento e ausência de planejamento em obras custeadas com verbas federais durante a gestão do ex-prefeito Antônio Elinaldo Araújo (União Brasil).

De acordo com o relatório da CGU, divulgado pelo portal BNews, os auditores analisaram a execução de R$ 15 milhões em emendas parlamentares transferidas ao município, e constataram problemas em cerca de R$ 8 milhões. As apurações fazem parte de uma fiscalização determinada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que vem intensificando o controle sobre esse tipo de repasse.

Leão e Mendonça

A CGU avaliou contratos ligados a obras de drenagem e manutenção urbana financiadas por emendas enviadas pelos deputados Cacá Leão (PP) e Félix Mendonça (PDT). Entre as falhas encontradas estão a ausência de projetos básicos, planos de trabalho genéricos e orçamentos sem detalhamento técnico. Segundo o órgão, isso comprometeu a transparência e a eficiência na aplicação dos recursos públicos.

Superfaturamento e população em risco

O relatório descreve ainda casos de superfaturamento e execução irregular de serviços. Em uma das obras, na Rua Carajás, os auditores constataram a construção de uma ponte sem fundações adequadas nem cálculo estrutural, o que foi classificado como “temerário” pela Controladoria, por representar risco à segurança dos usuários.

Também foi identificado que parte das escavações contratadas para drenagem, previstas para uso de maquinário pesado, foi executada manualmente, o que pode ter inflado os custos. Outro apontamento refere-se ao uso de areia de qualidade inferior à prevista no contrato, levantando suspeitas sobre a correta aplicação dos materiais de construção.

Em outras palavras, não houve sequer o cuidado mínimo para garantir a segurança da população.

E agora, Antônio?

Além das falhas técnicas, a CGU destacou a falta de transparência e de estudos que embasassem o planejamento das obras. Em alguns casos, segundo o relatório, não havia sequer metodologia definida para execução, nem vínculo claro entre o objeto contratado e a finalidade do investimento.

Em nota enviada ao BNews Premium, a Prefeitura de Camaçari afirmou que as irregularidades apontadas dizem respeito à gestão anterior (2020–2024), e que a atual administração “reafirma seu compromisso com a transparência e se coloca à disposição para colaborar com quaisquer esclarecimentos necessários à Justiça”.

O ex-prefeito Antônio Elinaldo, assim como antes, quando saíram as primeiras notícias de investigação, não se manifestou.

By mario

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[email protected]
71 99703-6567 | 71 99237-1334