Depois de anos controlada, a coqueluche voltou a preocupar autoridades de saúde no Brasil e a Bahia já sente os reflexos desse avanço. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), 135 casos da doença foram confirmados até outubro, a maioria em crianças menores de cinco anos. No cenário nacional, o número de ocorrências ultrapassa os 2 mil registros, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

A bactéria Bordetella pertussis, responsável pela infecção, provoca crises de tosse intensa e prolongada, que podem levar à falta de ar e até a complicações graves, especialmente entre os bebês. A médica infectologista pediátrica Sylvia Freire, do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que a imunização é essencial para conter o avanço da doença. “O esquema vacinal deve começar aos dois meses de idade e se estender com reforços ao longo da vida. Gestantes também precisam estar protegidas para garantir a imunidade dos bebês”, destacou.

Segundo a Sesab, 42 dos casos confirmados na Bahia são de crianças com menos de um ano. Somando os menores de cinco, o grupo representa mais da metade das ocorrências no estado.

“É horrível, trava tudo”, relata paciente de 38 anos

Os sintomas da coqueluche em adultos também podem ser severos, como conta Carla Santana, (38), que enfrentou a doença no início deste ano.

“Eu tive coqueluche a pouco tempo, adulta e é horrível. A tosse intensa, por si só, já dói muito. Mas o pior é a dificuldade de respirar. Logo depois das crises de tosse, é impossível respirar. Trava tudo. Você puxa o ar, e não vem. A sensação é de afogamento. Enquanto isso, continua sentindo uma dor absurda, que parece que vai rasgar o peito. E deitar para dormir piora o sofrimento, porque aumenta as crises de tosse”, relata.

Mesmo com antibióticos, ela demorou mais de uma semana para conseguir deitar à noite. “Não desejo isso para um inimigo, que dirá para uma criança. Durante todo o período que fiquei doente, só agradeci a Deus por ter sido eu que peguei, e não minha filha. Mas ela está bem protegida, porque é vacinada. Vacina salva vidas.”

Proteção e tratamento

A vacina contra a coqueluche — a tríplice bacteriana (DTP ou dTpa) — é oferecida gratuitamente na rede pública para crianças, gestantes e profissionais de saúde. É importante os pais e mães estarem atentos para verificar se o cartão de vacinação das crianças está atualizado. Em caso de dúvidas, basta se dirigir ao posto de saúde mais próximo. O mesmo vale para gestantes.

Para os demais adultos, está disponível na rede privada. Já o tratamento da doença envolve o uso de antibióticos, que reduzem a gravidade dos sintomas quando iniciados precocemente, além de cuidados de suporte, como hidratação e controle da febre. “Todo o tratamento deve ser orientado por um médico, visando evitar complicações”, reforça a infectologista Sylvia Freire.

By mario

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